20 de fevereiro de 2006

A NOSSA ALÁ

Ainda bem que estamos muito longe do envolvimento entre a Religião e o Estado de muitos países muçulmanos.
O caso da transladação do cadáver da Irmã Lúcia é a prova disso.
As três televisões nacionais transmitiram em directo, o carregar dos ossos de uma suposta vidente. Racionalíssimo, portanto.
O meu amigo (digo "amigo", no sentido do afecto que tenho por ele e que espero recíproco) Tolentino Mendonça, belo poeta e homem sensato, defendia ontem, ou assim me pareceu, a necessidade de se olhar para Fátima como um fenómeno de fé; de iluminação interior de muitas pessoas. A bem da alegria e da harmonia universais. Ora, tudo o que venha melhorar o homem tem, naturalmente, a minha gratidão. Contudo, tenho alguma dificuldade em aceitar um movimento que nasce, obviamente, de uma fraude criada e perpetuada por um clero ansioso por manter o poder sobre as ovelhas. E que acrescenta a este pecado original um recolher alegre de milhões de euros anuais, livres de impostos, que vão parar sabe deus a que mãos e com que fins.
O homem que desenvolve a sua espiritualidade transcende-se? Certamente.
Mas não sobre os ossos de uma mentira.


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